Muito além de demarcar o caminho é salvar a vida do perdido. Completo. Respirando lentamente puxava a linha aos poucos mesmo que isso te provocasse dor. Sereno. As verdades todas pulavam dos olhos como se não houvesse demarcação entre o lado de dentro e o lado de fora, e assim, tudo limpava o outro lado do tudo. Lágrimas do erro que simplesmente lamentava sua existência, este acompanhado do medo, completava os maus caminhos, os maus percaussos.
Tinha seperdido no labirinto cedo, para evitar que atritos corriqueiros passassem a existir, seu coração sozinho, labutava fácil na solidão perdida de curvas escondidas que haviam sido deixadas para trás num segredo traiçoeiro.
Solidão é quase como fome. Solidão é fome. E se engana do mesmo jeito: qualquer comida, qualquer companhia pela metade enche o vazio por algum tempo. Na próxima seca mais uma bobagem qualquer para saciar. Entretenimento. Fingia que não se enganava para não causar confusão. "Não procure confusão", ecoava na cabeça o conselho materno, uma obediência natural. Sofria. Muito, as vezes tanto, mas as coisas estavam inteiras. Não havia do que se queixar se gostava daquele vazio, daquele sozinho para preencher com todo o seu ser. Vaidade de poder ser melhor por reger um mundo só seu, por poder ter um mundo só seu. Mentiras, falsidades, tudo era aturado, e tornava-se poder: melhor é aquele que oferece a misericórdia. Mas secretamente, a dor doía mais. Um peito gritava os bens perdidos que não voltavam, um peito gritava a desgraça de estar só e perdido meio à todas as curvas deixadas para trás em forma de segredos em falso.
Até que um dia chegou, vindo do outro lado, um ser com barbante. Vem comigo, sorriem os olhos que falam (para quem entende), os olhos de quem vê a dor do mundo, e toda a dor acorda em susto e se perde por alguns tempos no novo medo que anscia, o medo do novo.
"Como posso eu que sofri tanto, que só agora consigo me recolher em paz, cair novamente no por vir?"
Mas os olhos sentaram e esperaram junto com todo o corpo e um carretel, o tempo transformar o medo em confiança.
Tempo.
Levantou-se calmamente - todo o medo havia desaparecido- e resolveu confiar no ser do cordão (coração que é coração mesmo nunca desiste) e enfiou-se na volta das milhares curvas de segredos, dos quais tinha fugido por tanto tempo. E embora o receio - um medo mais fraquinho- viesse ao seu lado, o ser do barbante sorria e olhava, e resolvia tudo.
O perdido não lembrava que houvesse tantas curvas, e queria cair em pranto a cada dor marcada com grau e cor nos pedaços do labirinto, mas se controlava agora que ele amava (tinha descobrido na quinta manhã da longa volta) e não se sofre para quem ama. E as curvas pioraram, os erros chegavam a sufocar, e quando não conseguiu mais ver seus dolorosos segredos, tentou dar voltas, mentir que lembrava o caminho, para desviar de tão terríveis lembranças.
O ser do barbante, porém, sabia que eram voltas falsas, mas seguiu. Até que cansou. Pegou o perdido pela mão e jogou-o cara a cara com seus erros. Não havia mais para onde fugir.
Palavras somem, água e sangue descem pelos corpos. O perdido tentava enganar a si próprio.
Pouco se sabe quando se muito se tem a dizer.
Os olhos borram. Se eu escondo a verdade é para te proteger da solidão eminente de mim.
Mas era uma solidão covarde. Tentou fugir, mas ao ver o perdido relutar em ficar, o ser do barbante ouxa-o pela mão e canta mil antigas daquelas que acordam os homens e adormecem as criças.
Meu peito dói porque eu gosto, eu me deixo doer - perdido explica. Mas não era necessário. O outro ser tinha o barbante porque sempre sabia.
Centrado, escuro , inteligente, porém covarde. O que é preciso sempre aparece. Nãohá dúvidas quando simplesmente é. Chave, fechadura.
Pega o fraco pela mão, chora (só por dentro porque não se sofre para quem se ama) e enrola de volta o barbante, aos poucos, para não assustar quem dorme.
A culpa ainda range (porque não se machuca quem se ama) mas o amor põe-a para dormir aos poucos, na cadência que os olhos deixam.
A luz pós-labirinto é a chance de poder ser num novo sistema, de claridade. Luminescência.
Poder ser sem temer. Ter uma direção para poder atirar-se sem olhar. E poder repartir o barbante para quando o outro precisar.
Se tu me salvas só por teu amor, só por existir, imagine, com grandes esforços pode até dominar o mundo que tanto quer.
Divide comigo teu barbante porque já tenho em mim um muito do que há em tí. Eu faço o teu caminho de volta se por um acaso o mundo faça tu perder-se de mim.
Tinha seperdido no labirinto cedo, para evitar que atritos corriqueiros passassem a existir, seu coração sozinho, labutava fácil na solidão perdida de curvas escondidas que haviam sido deixadas para trás num segredo traiçoeiro.
Solidão é quase como fome. Solidão é fome. E se engana do mesmo jeito: qualquer comida, qualquer companhia pela metade enche o vazio por algum tempo. Na próxima seca mais uma bobagem qualquer para saciar. Entretenimento. Fingia que não se enganava para não causar confusão. "Não procure confusão", ecoava na cabeça o conselho materno, uma obediência natural. Sofria. Muito, as vezes tanto, mas as coisas estavam inteiras. Não havia do que se queixar se gostava daquele vazio, daquele sozinho para preencher com todo o seu ser. Vaidade de poder ser melhor por reger um mundo só seu, por poder ter um mundo só seu. Mentiras, falsidades, tudo era aturado, e tornava-se poder: melhor é aquele que oferece a misericórdia. Mas secretamente, a dor doía mais. Um peito gritava os bens perdidos que não voltavam, um peito gritava a desgraça de estar só e perdido meio à todas as curvas deixadas para trás em forma de segredos em falso.
Até que um dia chegou, vindo do outro lado, um ser com barbante. Vem comigo, sorriem os olhos que falam (para quem entende), os olhos de quem vê a dor do mundo, e toda a dor acorda em susto e se perde por alguns tempos no novo medo que anscia, o medo do novo.
"Como posso eu que sofri tanto, que só agora consigo me recolher em paz, cair novamente no por vir?"
Mas os olhos sentaram e esperaram junto com todo o corpo e um carretel, o tempo transformar o medo em confiança.
Tempo.
Levantou-se calmamente - todo o medo havia desaparecido- e resolveu confiar no ser do cordão (coração que é coração mesmo nunca desiste) e enfiou-se na volta das milhares curvas de segredos, dos quais tinha fugido por tanto tempo. E embora o receio - um medo mais fraquinho- viesse ao seu lado, o ser do barbante sorria e olhava, e resolvia tudo.
O perdido não lembrava que houvesse tantas curvas, e queria cair em pranto a cada dor marcada com grau e cor nos pedaços do labirinto, mas se controlava agora que ele amava (tinha descobrido na quinta manhã da longa volta) e não se sofre para quem ama. E as curvas pioraram, os erros chegavam a sufocar, e quando não conseguiu mais ver seus dolorosos segredos, tentou dar voltas, mentir que lembrava o caminho, para desviar de tão terríveis lembranças.
O ser do barbante, porém, sabia que eram voltas falsas, mas seguiu. Até que cansou. Pegou o perdido pela mão e jogou-o cara a cara com seus erros. Não havia mais para onde fugir.
Palavras somem, água e sangue descem pelos corpos. O perdido tentava enganar a si próprio.
Pouco se sabe quando se muito se tem a dizer.
Os olhos borram. Se eu escondo a verdade é para te proteger da solidão eminente de mim.
Mas era uma solidão covarde. Tentou fugir, mas ao ver o perdido relutar em ficar, o ser do barbante ouxa-o pela mão e canta mil antigas daquelas que acordam os homens e adormecem as criças.
Meu peito dói porque eu gosto, eu me deixo doer - perdido explica. Mas não era necessário. O outro ser tinha o barbante porque sempre sabia.
Centrado, escuro , inteligente, porém covarde. O que é preciso sempre aparece. Nãohá dúvidas quando simplesmente é. Chave, fechadura.
Pega o fraco pela mão, chora (só por dentro porque não se sofre para quem se ama) e enrola de volta o barbante, aos poucos, para não assustar quem dorme.
A culpa ainda range (porque não se machuca quem se ama) mas o amor põe-a para dormir aos poucos, na cadência que os olhos deixam.
A luz pós-labirinto é a chance de poder ser num novo sistema, de claridade. Luminescência.
Poder ser sem temer. Ter uma direção para poder atirar-se sem olhar. E poder repartir o barbante para quando o outro precisar.
Se tu me salvas só por teu amor, só por existir, imagine, com grandes esforços pode até dominar o mundo que tanto quer.
Divide comigo teu barbante porque já tenho em mim um muito do que há em tí. Eu faço o teu caminho de volta se por um acaso o mundo faça tu perder-se de mim.