quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Eu distribuo um segredo como quem ama ou sorri,
do jeito mais natural dois carinhos se procuram.


Drummond.

quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Sobre Olhos Falantes.

Terei tempo.
Hoje eu encontrei nos teus olhos a afirmação: terei tempo.
Não me importam mais os medos do passados, os erros cometidos. Quando eu quiser poderei guardá-los todos naquela tua caixa em forma de coração, só por um tempo, para que eu possa fazer do tempo que terei o que eu quiser. O que eu quererei é enorme, terá trilha sonora e letras sofridas, mas eu farei, e irei querer. Podemos fazer juntos, em conjunto, em milhares, mas teus olhos mandaram drizer que eu terei tempo, assim sem pudor.
Não falas mais nada. Nunca precisou explicitar nada, na verdade, com teus lábios. Teus olhos são afoitos e apressados; falam tudo antes e eu entendo de antemão.
Nossos olhos se entendem melhor que minhas advinhações e tuas palavras (ou semi-palavras), disso não há dúvida, e muito mais me importa o que não há dúvidas.
Assentimos.
Sentimos um ao outro de forma clara, declarada, mas não indolor e tudo se faz entender simples, mas ainda assim humano. E no diálogo de hoje, sem palavras ou qualquer expressão vocal que eu entendi que terei tempo, e contigo.
Essas coisas a gente sabe, eu disse, e você balançou a cabeça. Pouco sabemos, mas muito queremos que assim seja. E apesar do meu medo se assumir, gritar por todos meus poros, eu hoje, creio que terei tempo para fazer o que eu bem entender, e entenderei muito, entenderei sem fim, sem medo; meu medo está guardado no seu closet in a heartbox. Aproveitarei então, para largar lá aquela vergonha, a do samba, a do canto, a da expressão que meus dedos e minhas palavras escritas sabem mostrar.
Já pensou se minha arte toma corpo, de verdade, sem ser essa coisa restrita a rabisco e digitos? Não me pergunto se serei mais feliz, mais bonita, ou qualquer coisa pequena. Te pergunto se já pensou no que aconteceria se assim fosse.
Peço para que não te preocupes, não deixarei nunca de ser eu. Se assim acontecer serei mais eu ainda, com restrições guardadas numa caixa, mas ainda assim serão minhas. Também não me esforçarei para que ocorram aprimoramentos, eles simplesmente acontecerão naturalmente.
Por que natural é o tempo que terei, e de hoje em diante nada forçado me importa.

29.

Seguirão dias e mais dias e a data estará eternamente marcada. Não importa quanto tempo passar.
O corpo responde, a emoção avisa antes mesmo da razão entender os motivos.
A razão é tardia e boba. Tenta explicar para a emoção o que aconteceu, não consegue e recolhe-se num cantinho solitário sustentando o ser de quem quiser que ela sustente. Mas só.
A emoção meio se perde, meio não acredita, meio acha que foi tudo sonho e sorri desentendida, mas sabe exatamente onde está a falta, o defeito.
A razão se concentra no apoio e esquece-se sempre do que a emoção fala quando faz doer todo o ser com estímulos tristonhos.
Não é só saudade. Saudade é apenas o ato de sentir o que alguém/algo te proporcionava, mesmo não estando lá.
Creio que não houve sabedoria humana para criar o nome disso.

quinta-feira, 23 de outubro de 2008

Tente entender.

Felicidade é uma coisa relativa.
E a minha, hoje, eu sei bem onde encontrar.
Minha casa é o lugar mais longe do mundo. Principalmente nos dias mais quentes, sozinhos e decepcionantes.
Eu sinto cócegas de amor nas boxexas.

domingo, 19 de outubro de 2008

Dias.

Eu ganhei ouro no xadrez.
Decidi escrever um livro sobre o amor.
Tive insônia depois de uns 4,5 anos sem saber como isso parecia.
Tô com a cabeça cheia de idéias, confusões e saudades.
Tinha um post todo bonitinho na cabeça até uns segundos atrás mas já era.
Vou ouvir blues até o mundo acabar.
Vou fechar os olhos e ver teus olhos me salvarem.

Vou me deixar ser salva.

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Fazendo um clipe pop em alguns passos.

-Gema
-Rebole
-Faça cara de mau
-Se esfregue na batida da música em seres do sexo oposto
-Olhe bem sexy/decidida(o)/puta(o) para a câmera
-Ventiladores em todos cantos do set


Vale lembrar que a música deverá ser previamente encaixada no padrão pop: se for direcionada à mulheres fale de 'Cafajestes' ou 'Não te ligo mais', se for direcionada aos homens fale de 'Cornos' ou 'Gostosas'.

Sucesso garantido.

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

2008

Incrível como as coisas todas podem acontecer num ano só.
Eu não sei o que dizer, o que fazer, o que criar, do que cuidar, como resolver, como me curar, o que ouvir, como para de fazer draman, como melhorar, não sei fazer sentido nem me virar sozinha quando tenho todo mundo.
Eu só sei aguentar e esperar passar. E não é todo mundo que aguenta. Muitos desistem. E eu sigo sozinha.
Eu luto por causas vazias e solitárias que ninguém entende.

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

Cheio Vazio.

Meu coração e sua estúpida brincadeira de cheio vazio explode em alegria fácil, mas também despedaça-se num piscar de olhos.
Dou tudo o que tenho, até as raízes, até acabar, mas poucos me dão de volta. Sempre 100% com tudo, quase nunca 100% comigo.
Dói. Mas eu sei doer, eu sempre soube doer e pretendo morrer sabendo doer. Doer bem, bem dopido, só para que depois da dor vazia venha o enchimento e a explosão do meu coração de novo.
Não creio que seja egocêntrica. Não me entregando tanto.
Na verdade entendo pouco, sinto demais.
Não me chove, não me acalenta, não agora. Até a próxima cheia.
Sempre perguntam o que quero mais da vida. Eu quero ir embora. Para qualquer lugar que não seja. Que seja. Frio acalentado, dor curada. Qualquer conjunto de antíteses e paradoxos que me atraiam. Qualquer lugar onde minhas sinestesias possam aflorar, existir, consolidar.
Minha garganta só reclama baixinho das coisas que eu não entendo e das coisas que me fazem sofrer. Eu odeio explicações, não preciso delas. Não se precisa explicar poemas, sentimentos, reações, e é assim que eu gosto: automático, natural.
Dor deveria ter bula também, onde explicasse todas as reações que levaram você até alí.
Não é frustrante. Só meu corpo dói. Eu poderia passar meus 4 dias mágicos em qualquer lugar menos aqui. Não no lugar, no endereço, mas na situação.
Cada um cor sua dor. Não derramem suas lástimas em quem não quer suas lástimas. Ninguém tem culpa. E eu só acolho as dores de quem eu quero. O colo é meu.
Me leva para lá vai, me leva.
Onde abraços não são poibidos, todos podem simplesmente ser, o tempo está ao nosso lado e as regras são justas.
Me abraça pra sempre e deixa aquele cheiro por todas as partes, sem medo de eu ser por demais assim, sem medo de tristezas e coisas ruins. Coração, gente, é tudo assim mesmo, coisas cheias de faces e fases. Mas não me deixa só. Só não me deixe só porque eu já cansei dessa forma minha de ser só. Po que eu me perco demais assim e as coisas perdem o brilho, o contraste, e tudo vai doer mais. Não peço para que me acalente até o fim, que me explique todas as coisas que queira cuidar do que sinto. Por que isso é meu afinal, e dessas dores cuido eu do meu jeito. Só não solta a minha mão senão eu sento e fico só sentindo as ondas, sem me mover.
Eu não sei me adaptar ao tudo mais. Eu só sei ser eu, muito eu, toda eu, completamente eu, e nesse paconte de mim mesmas as coisas desagradáveis, as teimosias e os defeitos vem junto.
Eu já doí mais, quando entendia pouco, porque não queria ser eu, me enganava e era daquele jeito que doía. Hoje eu sou eu, à flor da pele, sem restrições, e ainda dói, confesso, mas dói menos porque sendo eu eu sei quem me arranjar. Porque eu sei como cuidar dos pedaços de mim.
Ir embora para começar do zero, porque eu iria crescendo aos poucos da soma às equações, e quando se faz sozinho, se sabe onde emendar, onde perfumar.
O mundo é assim mesmo. Esse mundo que é meu também.Ninguém (ou quase ninguém) entende nada e fica querendo apitar, regular, mandar em qualquer pedaço do que não se sabe.


segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Eu peço.

Eu peço que chova. Que chova tanto. Que caia um chovaréu daqueles que molham tudo sem destruir nada. Ou quase nada. Que chova numa madrugada nossa até quando quisessemos.
Eu peço que esfrie, até que os corpos colem e relutem em sair dalí. Peço que troveje sem dar medo, que raie sem matar, que molhe pra renascer.
Peço que se faça calor, já que se fez luz com tanta rapidez, facilidade. Peço que se complete amor naquela cadência que todos procuram.
Eu peço que esfrie cabeças e que, de cabeças frias, os corações precisem aquecer para a sobrevivência. Peço que corações ardam, queimem, estraçalhem-se no calor iminente da compensação termal.
Eu peço. Eu peço que a noite dure mais, que a noite dure o exato, e que o silêncio seja bom, satisfeito.
Eu peço que a manhã demore de chegar, e quando chegar que não atrapalhe nem corte a vibração do meu pedido de chuva. E que a chuva se acalme deixando gosto de tudo.
Eu peço que a lua seja testemunha e que não seja sonho.
Só que dure até onde os quereres podem alcançar.

Músicas de hoje.

Antes que eu me esqueça - Vanguart
Black - Gilby e Dilana Clarke
Back to the moment - Slash
That's what you get - Paramore
O coração à flor da pele do rock'n' roll e a postura serena e gentil de um bluesman.

Qualquer coisa sobre teu vazio.

Disfarça em máscaras de forte aparência e frágil duração todo o medo que vive nas suas entranhas. Treme só fora do alcance dos olhos gerais e sofre os deslizes que, na luz, finge não ter. Aflinge-se com o desprezo, desrespeito e asco que em ti lançam, mas ri por fora como se a situação fosse inversa.
Anuncia-se pelo medo do óbvio.
Sabe que ninguém lembrará.

Volta pra casa

Tem dias que coisas bizarras simplesmente acontecem.
Hoje, por exemplo.
Na reta "semi final" do caminho para casa, encontrei piveted gritando "Foi ela, aí ó, aí ó!" e o outro "Foi tu véi? Não acredito foi tu!". Risadinhas, e eu de bom humor só levantei a sombrancelha e segui.
Depois pessoas gritam na rua, meninas choram e o Sol quer derreter tudo ao mesmo tempo que cai uma chuvinha de leve.
"Mundo mundo, vasto mundo, se eu me chamasse Raimundo seria uma rima, não uma solução."

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

-Não faças isso.
-Não faço.
-Mas estas a fazer.
-Porque pedistes, não nego pedidos.

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

Sinto seu cheiro ouvindo sua música.
Já passou.
Huhul.
Achei! [2]
Que por sinal não carregou. Vou pro youtube.
E tem um olho no deezer.
Meu navegador tá bagunçado também.
Ave.
Ha!
Achei.
Eu sei doer, mas eu não controlo a dor que vem, como e quando vem.
Mas já tá tudo bem.
É que não é quase. É todo. Num mundo assim bem grande.
Say woah woah woawoah HONEY!

terça-feira, 7 de outubro de 2008

Sobre Black. Ou Com licença poética.

Ele jogou Black no meu colo. Ó que foda.
E foi assim. A música explica tudinho tudinho de 17 longos anos de coração meu.
Dilana do Gilby bonitão, canta do jeito que eu gostaria de cantar a música que eu poderia ter escrito, se fosse para eu escrever.
Então, como essa música é parcialmente minha (eu que estou dizendo) eu vou escrever em prosa, porque eu quero e hoje a noite é minha e da minha caneca de café junto com o silêncio das teclas e o escuro.

Se eu te dissesse que eu poderia te amar, eu acho que você iria me achar fraca. Honestamente, eu nunca tive um amigo que fosse meu amante. Quando eu acordo e te sinto tão perto, eu fico feliz, embora me despedace se você me deixar.
É tão escuro, é tão triste ninguém poder entender meu inferno. Tão escuro, tão triste, eu sou uma estranha para mim.
Pessoas podem se ferir e, mesmo machucadas, ainda assim se perdoarem.
A escuridão cai em qaulquer um que a receba.
Quando você estiver em minha cama, ela será minha casa, e será sagrada.
Estarei sozinha até alguém me entender.


No dia em que eu me curei daquela vez eu ouvi Amy.
Ouvi, ams ouvi mesmo. Wake Up Alone. Infinitas vezes. E dancei sozinha na sala.
E fiquei sem roupa. E decidi escrever o blog, na época ainda sem nome.
Dancei a Amy deitei no sofá e chorei sozinha até acabar. Raro eu chorar assim. Mas foi uma tarde toda proposital, criada para a cura.
Choveu a tarde toda, e a casa ficou escura a tarde toda. Aquele escuro gostoso de quando chove.
E eu dancei Wake Up Alone e falei comigo e com quem eu queria que me escutasse, e todo mundo escutou. E ficou resolvido.
Me curei daquela dependência horrível que me cercava por todos os lados e me prendia onde eu não queria, por mero acaso, por deslize meu mesmo.
Mentira. Deslize não. Foi um apego material prazeroso, do qual não consegui sair quando eu quis. Mas eu saí ilesa. E me curei numa tarde de chuva, Amy e moletom.
Mentira. Dormir não. Oxe sai.
Só sei dormir bem resolvida.
Vou alí ouvir Amy.
Boa Noite para mim, que hoje durmo só, porque lembrar dói.
Boa Noite para mim, que tive um dia ruim.
Boa Noite para mim, que espero não ter um sonho ruim e acordar chorando.
Boa Noite para mim, "porque se eu não sei me controlar, se você não sabe se controlar, se vai me odiar e me amar, prefiro ir embora e esperar passar."

Me and You. God only knows it's not what we would choose to do.
É que a música que eu fiz hoje era pra ti.
Mas era segredo.

Me diz se posso apagar todos os meus pecados, todos os meus deslizes, todos os meus erros, se tudo o que eu quero lembrar enfim, aconteceu tão recentemente, e nada mais importa?

Dia Ruim.

Eu não entendo.
Não entendo não.
Já que eu não me culpo mais não vou me culpar.
Mas minha garganta aperta e como tristeza nunca me faz chorar eu não choro.
Tá tudo bem na verdade. Eu o escurinho e as músicas que me fazem companhia a tanto. E eu gosto do escurinho e das músicas. Mas eu gosto mais de.
E já que não pode haver, eu vou me acostumando com o que eu sempre tive e nunca fez minha garganta apertar, que não fosse de saudade, meus olhos se encherem, por falta de tranquilidade.
Ainda bem que eu não acredito em "todo mundo é igual". Ainda bem que eu acredito bem em mim e em quem eu quizer acreditar. Ainda bem que tudo isso é só complemento.
Eu sei doer desde que me lembro. A mais a menos. Tanto faz.

"Não, meu coração não é maior que o mundo.
É muito menor.
Nele não cabem nem as minhas dores."

É que eu ando tão cansada da vida, que tudo é um plus.

O que é que eu vou dizer?

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Eu gosto de dias assim.
Acordo quando quero, faço o almoço, espero a última hoje para por a casa em ordem, ouço música bem alto.
Hoje eu acordei com vontade de sentir saudade. Não é muito raro. Mas o dia de hoje, até agora, tem me feito achar bom ter saudades. Sentir saudades é bom, na verdade, eu gosto. Mas hoje está mais propenso, sei lá.
Não teve escola. Não cheguei nem a sair de casa, e fui dormir mais. Queria ver meu amor, mas hei! hoje é dia de saudades. Eu aguento mais um pouco.
Acordei mais tarde e fui ver One Piece com Dandan, e tive saudades do tempo que eu vivia vivendo animes.
Fui cozinhar e tive saudades do dinheiro e da mocinha que fazia comida, que antigamente a gente tinha. Pela primeira vez meu feijão ficou estupendo, funcionou de verdade, o tanto de sal, cozinhou, coisa rara.
Comi minha própria comida, o que é mais raro do que meu feijão ficar bom.
Ouvi Black e pensei no meu menino, com saudades claro.
E agora ouvindo os Floyds eu tenho saudades do meu pai, do bofe acebolado dele e do jeito que ele comia mangalô.
Saudades demais para um dia de segunda onde tudo-nada aconteceu.
Mas tá tudo tão bom que eu acho que eu vou ficar por aqui mesmo.
Procrastinando, inerte.
Aiai.
Dia com gosto de europa, de filminho campestre onde nada acontece a mãe cozinha e o pai fica na lavoura. Só o Sol exagerado na minha janela que não deixa esse tudo ficar perfeito.

Bom dia mundo.

Bom dia mundo.
Hoje eu vou ouvir os Floyds e ter saudades.

domingo, 5 de outubro de 2008

Eu. Mais.

Pra viver assim, contida, represada, nem por um (suposto) grande prêmio eu conseguiria viver.
Minhas glórias foram alcançadas com suor, flor da pele, trabalho duro, sangue. Pacifista externamente, enquanto todas as minhas engrenagens internas pulavam em conjunto para que eu vivesse do meu jeito.
Eu vivo. Vivo. "Eu sou de verdade". Em todos os defeitos, em todos os delizes.
Não consigo sobreviver de migalhas. Nem de amor, nem de dor também. Nem de falta, nem de exagero. Gosto de excessos porque mesmo o demais sendo sobra, é melhor sobrar do que faltar. Não sobrevivo de migalhas de mim.
8 ou 80.
Mas não da forma mimada, não da forma mesquinha. Não falo do número unitário. Falo da intensidade. Da vontade de reviver 2s flamejantes e não 20 anos mornos. De sensações leve, puras. E mesmo que de dor, que seja dores reais, quase fatais, que quase tiram as esperanças.
Grandes felicidades para sentir-me pronta para a próxima dor. Gandes dores para sentir-me pronta para levantar e ter a próxima felicidade.

Eu sou o oposto de quem simplesmente se acostuma.
Apressado come cru.

sábado, 4 de outubro de 2008

COMPLETAMENTE sem nexo e cheio de confusão. Ou Minha vida anda tão completa e vazia.

Além de tudo, ele tem uma varanda.
E ele vem, me leva pra varanda e fica tocando violão, me olhando com aqueles olhos e deixando eu não falar o tempo que eu precisar, o tempo que eu quiser.
Que foi anjo?
É estranho demais, surgir alguém que preencha tudo. Nada específico, só o tudo.
Que me faça sentir aquele aperto na garganta, aquele frio na barriga, aquele calor no coração.
Que faça todas as músicas de amor ficarem no vácuo, simplesmente não explicando o que realmente significa.
Que faça tudo ter um sentido temporário, ou não.
Que seja não uma válvula de escape, para onde eu corra quando tudo esteja espatifado. Mas amor a mais, felicidade a mais. Que complete, que some e não que simplesmente seja a razão. É razão a mais.



Ei! Os minutos voltaram a me obedecer.

(Fim da parte alíviada.)

COMPLETAMENTE sem nexo e cheio de confusão. Ou Minha vida anda tão completa e vazia.

Hoje eu quero ir prum lugar alto de novo.
Bem alto. Uma varanda alta. Bem alta.
Normalmente quando as coisas embaralham, esculhambam e tudo o mais, eu quero subir. Talvez por estar no baixo demais e precisar de um equilíbrio, talvez porque o ar seja mais rarefeito e eu goste de respirar menos, de ter mais dificuldade.
Certas épocas da vida, como essa, possuem um contraste que deixam os problemas todos COMPLETAMENTE evidentes. E tudo machuca. Porque eu fico sabendo realmente onde dói, porque dói.
É quando as músicas se repetem, o silêncio senta ao lado e fica te olhando, com aquela cara de silêncio, de quem tem todas as respostas mas não pode contar, é segredo, você tem que descobrir tudo sozinho.
Cansa muito.
Eu, que já não ando conseguindo fazer muita coisa, caio pro buraco do coisa alguma. E lá meu amigo, lá as coisas pioram muito. É uma avalanche de dores que não se consegue expressar, e minha vida cheia de gritos e choros (internos) invalida-se completamente, perdendo ainda mais a utilidade, o brilho, a importância, o significado. Meu peito se auto-estraçalha na inércia, no frio, num mundo de sensações inexplicáveis e redundantes.
Não, eu não tenho porquês. Nem quero. Não se explique, não para mim. Quem não entende, não importa.
Eu quero meu lugar alto, escuro, alcóolico e doce.

(Fim da parte desesperada.)

sexta-feira, 3 de outubro de 2008

Dia. Ou Sexta-Feira sonolenta.

Waaa.
Tô com um cansaço meio doido. Não sei de onde veio, durmi 9 horas essa noite/manhã.

Algumas observações: Eu moro num país onde Strike ganha do Vanguart, banda ruim ganha dinheiro no exterior, Nx- zero ganha todos os melhores prêmios.

quinta-feira, 2 de outubro de 2008

Drummond.

Eu não lembro quando comecei a amar Drummond. Só sei que amei de vez, fui lá e lí a obra poética toda de vez, respirando poucas vezes, e desde então ele me salva quando eu preciso.
Na verdade é uma relação um pouco narcisista, já que eu responderia (quase; acho) a mesma coisa se uma jovem desnorteada recorresse aos meus versos, e eu fosse o experiente autor.

Algumas respostas eficazes:

Mundo grande

Não, meu coração não é maior que o mundo.
É muito menor.
Nele não cabem nem as minhas dores.
Por isso gosto tanto de me contar.
Por isso me dispo,
por isso me grito,
por isso frequento os jornais, me exponho
cruamente nas livrarias:preciso de todos.

Sim, meu coração é muito pequeno.
Só agora vejo que nele não cabem os homens.
Os homens estão cá fora, estão na rua.
A rua é enorme. Maior, muito maior do que eu esperava.
Mas também a rua não cabe todos os homens.
A rua é menor que o mundo.
O mundo é grande.

Tu sabes como é grande o mundo.
Conheces os navios que levam petróleo e livros,
carne e algodão.
Viste as diferentes cores dos homens,
as diferentes dores dos homens,
sabes como é difícil sofrer tudo isso, amontoar tudo isso
num só peito de homem...sem que ele estale.

Fecha os olhos e esquece.
Escuta a água nos vidros,
tão calma. Não anuncia nada.
Entretanto escorre nas mãos,
tão calma! Vai inundando tudo...

Renascerão as cidades submersas?
Os homens submersos-voltarão?
Meu coração não sabe.
Estúpido, ridículo e frágil é meu coração.
Só agora descubro
como é triste ignorar certas coisas.
(Na solidão de indivíduo
desaprendi a linguagem
com que homens se comunicam).

Outrora escutei os anjos,
as sonatas, os poemas, as confissões patéticas.
Nunca escutei voz de gente.
Em verdade sou muito pobre.

Outrora viajei
países imaginários, fáceis de habitar,
ilhas sem problemas, não obstante
exaustivas e convocando ao suicídio.

Meus amigos foram às ilhas.
Ilhas perdem o homem.
Entretanto alguns se salvaram e
trouxeram a notícia
que o mundo, o grande mundo está
crescendo todos os dias,
entre o fogo e o amor.

Então, meu coração também pode crescer.
Entre o amor e o fogo,
entre a vida e o fogo,
meu coração cresce dez metros e explode.
-ó, vida futura! Nós te criaremos.


Explicação

Meu verso é minha consolação.
Meu verso é minha cachaça. Todo mundo tem sua, cachaça.
Para beber, copo de cristal, canequinha de folha-de-flandres,
folha de taioba, pouco importa: tudo serve.

Para louvar a Deus como para aliviar o peito,
queixar o desprezo da morena, cantar minha vida e trabalhos
é que faço meu verso. E meu verso me agrada.
Meu verso me agrada sempre...
Ele às vezes tem o ar sem-vergonha de quem vai dar uma cambalhota
mas não é para o público, é para mim mesmo essa cambalhota.

Eu bem me entendo.
Não sou alegre. Sou até muito triste.
A culpa é da sombra das bananeiras de meu pais, esta sombra mole, preguiçosa.
Há dias em que ando na rua de olhos baixos
para que ninguém desconfie, ninguém perceba
que passei a noite inteira chorando.
Estou no cinema vendo fita de Hoot Gibson,

de repente ouço a voz de uma viola...
saio desanimado.

Ah, ser filho de fazendeiro!
A beira do São Francisco, do Paraíba ou de qualquer córrego vagabundo,

é sempre a mesma sen-si-bi-li-da-de.
E a gente viajando na pátria sente saudades da pátria.

Aquela casa de nove andares comerciais
é muito interessante.
A casa colonial da fazenda também era...
No elevador penso na roça,
na roça penso no elevador.

Quem me fez assim foi minha gente e minha terra
e eu gosto bem de ter nascido com essa tara.
Para mim, de todas as burrices a maior é suspirar pela Europa.
A Europa é uma cidade muito velha onde só fazem caso de dinheiro
e tem umas atrizes de pernas adjetivas que passam a perna na gente.

O francês, o italiano, o judeu falam uma língua de farrapos.
Aqui ao menos a gente sabe que tudo é uma canalha só,
lê o seu jornal, mete a língua no governo,
queixa-se da vida (a vida está tão cara)
e no fim dá certo.

Se meu verso não deu certo, foi seu ouvido que entortou.
Eu não disse ao senhor que não sou senão poeta?

Quero

Quero que todos os dias do ano
todos os dias da vida
de meia em meia hora
de 5 em 5 minutos
me digas: Eu te amo.

Ouvindo-te dizer: Eu te amo,
creio, no momento, que sou amado.
No momento anterior
e no seguinte,
como sabê-lo?

Quero que me repitas até a exaustão
que me amas que me amas que me amas.
Do contrário evapora-se a amação
pois ao não dizer: Eu te amo,
desmentes
apagas
teu amor por mim.

Exijo de ti o perene comunicado.
Não exijo senão isto,
isto sempre, isto cada vez mais.
Quero ser amado por e em tua palavra
nem sei de outra maneira a não ser esta
de reconhecer o dom amoroso,
a perfeita maneira de saber-se amado:
amor na raiz da palavra
e na sua emissão,
amor
saltando da língua nacional,
amor
feito som
vibração espacial.

No momento em que não me dizes:
Eu te amo,
inexoravelmente sei
que deixaste de amar-me,
que nunca me amastes antes.

Se não me disseres urgente repetido
Eu te amoamoamoamoamo,
verdade fulminante que acabas de desentranhar,
eu me precipito no caos,
essa coleção de objetos de não-amor.