segunda-feira, 29 de setembro de 2008

26 de Setembro de 2008 - manhã. Ou Ensaio sobre a fuga.

Não tem lugar concreto para onde eu deseje loucamente ir. Há lugares concretos para onde eu possa fugir de. Não tem lugar concreto onde eu queira permanecer também. Vivo num vácuo onde fico sobrevoando meio à gravidade zero, sem me prender. A insatisfação me faz voar mais alto, me faz procurar o subjetivo para me apoiar. Encontro e faço do ballet em questão, a minha vida; um voa-voa, balança-balança absoluto, repetitivo. Enfadonho como boiar em águas, quando já se é leve. Viver flutuando pouco me atrai. E só me vêm à cabeça planos de fuga. Procurarei uma felicidade tão pesada que me ponha, não só os pés, mas o corpo inteiro no chão. Então talvez eu possa recuperar os eixos. Recomposição enquanto se flutua é improvável. O rumo se move paralelamente à você, te olha, manda beijo, mas pouco importa. Inércia. Acostuma-se ao ócio e ao tédio tão leve quanto à estadia forçada, associa-se ao desejo de fuga e deixa-se flutuar. Caminhos também podem surgir meio ao balançar das ondas anti-gravitacionais?