Era uma vez um homem em contradição. Sofria por não conseguir achar um equilíbrio: A quem devo amar? A mim ou a Deus? Deus existe? Por que isso tudo é pecado? Eu sobrevivo do pecado.
As dúvidas deixavam-no taciturno, sombrio. Se enganava quem achava que ele se enfatizava na luz. Na luz, o paradoxo o atacava e ele se escondia, em antítese, na claridade.
Após esforços sem resultado, resolveu então mudar de foco.
Descansar.
E fugiu para o tal Locus Amenos. Trocou a beleza dramática pela perfeição simples. Um pastor, e sua pastora-musa, desenrolam-se pelo campo, novelos vivos decoram a paisagem.
Tanta tranquilidade fez o coração do ex-confuso homem-pastor bater mais forte, fez todo o seu ser esperar por alguém.
Mas ele não tinha sorte.
Tal qual Deus num passado próximo, sua amada estava distante demais. Como poderia amá-la assim tão sujo, enquanto ela era tão pura e bela? Criou então o seu método de amar: cantava alto, chorava sozinho, saciava sua sede carnal nas outras. Mas o amor estava todo naquela que não podia tocar. Não podendo tocar o ser, tocou música: lira, harpa e alaúde enfileiravam-se diante da dor do homem e explicavam-na em lágrimas, exagero e saudade.
Um dia, de tanto amar, cansou-se.
Caiu em desilusão e passou a apoiar-se no real. De que me adianta um mundo belo, porém distante e sofrego?
Passou a ser clínico, duro e lento.A natureza de outrora não passava de mecânica, a antiga amada passou a ter defeitos morais. Agora criticava o mundo plástico e sem brilho que criou em si depois de tanto sofer.
Com o tempo, a maturidade fez assentar todos os traumas de amor e dúvida. Ainda há algo de belo, ainda há calor meio às frias calamidades. Usemos a arte como purificação, oras!
E assim aconteceu.
Estético. Extravasado. Sugeriu, aos poucos, mudanças e exagero, até o apogeu.
Começou a ver a beleza do abstrato. E entendeu o seu problema: toda a arte, todo amor e toda dúvida, enlouqueceram-no por ser assim, tudo tão concreto. Perdeu tanto tempo até descobrir que o ser humano só seria humano na subjetividade, que agora extravasava todo o tempo perdido. Cores, borrões, deformidade. Risos insanos que explicavam toda a sua existência. Veja o futuro! Simplifique mas não explicite. Que seja controverso, anti-estrutural, reinvidique, mantenha-se pacífico.
Curiosa foi a conclusão (a qual nunca passaria por sua cabeça no início da história) de que a tranquilidade humana só seria encontrada no costume com a confusão.
Minha primeira ficção saudável, inteligente e bonita em anos.
Nasceu numa aula de literatura, e conta a história da literatura personificada num homem que não tem nome. (Porque a arte não tem nome).
As dúvidas deixavam-no taciturno, sombrio. Se enganava quem achava que ele se enfatizava na luz. Na luz, o paradoxo o atacava e ele se escondia, em antítese, na claridade.
Após esforços sem resultado, resolveu então mudar de foco.
Descansar.
E fugiu para o tal Locus Amenos. Trocou a beleza dramática pela perfeição simples. Um pastor, e sua pastora-musa, desenrolam-se pelo campo, novelos vivos decoram a paisagem.
Tanta tranquilidade fez o coração do ex-confuso homem-pastor bater mais forte, fez todo o seu ser esperar por alguém.
Mas ele não tinha sorte.
Tal qual Deus num passado próximo, sua amada estava distante demais. Como poderia amá-la assim tão sujo, enquanto ela era tão pura e bela? Criou então o seu método de amar: cantava alto, chorava sozinho, saciava sua sede carnal nas outras. Mas o amor estava todo naquela que não podia tocar. Não podendo tocar o ser, tocou música: lira, harpa e alaúde enfileiravam-se diante da dor do homem e explicavam-na em lágrimas, exagero e saudade.
Um dia, de tanto amar, cansou-se.
Caiu em desilusão e passou a apoiar-se no real. De que me adianta um mundo belo, porém distante e sofrego?
Passou a ser clínico, duro e lento.A natureza de outrora não passava de mecânica, a antiga amada passou a ter defeitos morais. Agora criticava o mundo plástico e sem brilho que criou em si depois de tanto sofer.
Com o tempo, a maturidade fez assentar todos os traumas de amor e dúvida. Ainda há algo de belo, ainda há calor meio às frias calamidades. Usemos a arte como purificação, oras!
E assim aconteceu.
Estético. Extravasado. Sugeriu, aos poucos, mudanças e exagero, até o apogeu.
Começou a ver a beleza do abstrato. E entendeu o seu problema: toda a arte, todo amor e toda dúvida, enlouqueceram-no por ser assim, tudo tão concreto. Perdeu tanto tempo até descobrir que o ser humano só seria humano na subjetividade, que agora extravasava todo o tempo perdido. Cores, borrões, deformidade. Risos insanos que explicavam toda a sua existência. Veja o futuro! Simplifique mas não explicite. Que seja controverso, anti-estrutural, reinvidique, mantenha-se pacífico.
Curiosa foi a conclusão (a qual nunca passaria por sua cabeça no início da história) de que a tranquilidade humana só seria encontrada no costume com a confusão.
Minha primeira ficção saudável, inteligente e bonita em anos.
Nasceu numa aula de literatura, e conta a história da literatura personificada num homem que não tem nome. (Porque a arte não tem nome).