sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

2.

Desde que se compreenda, está tudo bem.
Mutável. Redondo. Torna-se qualquer coisa o tempo todo. Há apenas uma tênue linha que separa o que se foi do que se é, do que se será, e desde que se compreenda está tudo bem.
Estagnação nunca combinou com um mundo assim tão plural.
A mocinha da janela espera anciosamente a escolha de um qualquer que se diz mais importante, e que poderá mudar sua vida.
No que será que vai dar?
A antecipação também é assim, relativa. Quantas vezes quebrara a perna tentando pular obstáculos que anteriormente causariam apenas alguns arranhões?
Com essas coisas não se brinca.
O que tu tens de verdade?
Medo. Medo. Um medo tão ensurdecedor que me impede de efetivar todos os verbos do infinitivo.
Pobre. E se de uma hora pra outra as verdades absolutas se inverterem? Acostumarei todo o meu ser de novo?
E guardar tudo para evitar desconfortos? E o medo do ser não ser que ecoa ecoa ecoa na cabeça como uma prisão fácil?
Era. Mas.
Para que servem as coisas que desfizemos?
Alicerce.
Que importa?
Continua. Menininhas tiram foto nos marcos paternos.